16 julho 2018

Algumas lições que a Copa do Mundo nos deixa.

Pois, em virtude de deslocamento não consegui assistir o início da final ontem. Escutei na "campeã de audiência" do rádio do RS (a única a ter o monopólio da transmissão) e quase me afoguei com a  choradeira. A Croácia dominava. Botava a França na roda. Merecia estar goleando. A França vencia por um castigo dos Deuses já que o lance provinha de uma falta que não existiu junto com um impedimento clamoroso. Quem ouvia estava convencido que a França era um Catanduvense da vida perdido em campo e rezando aos deuses para se salvar. Mas como conheço a aldeia, comecei a prestar atenção em quantas vezes falariam o nome do arqueiro francês. Nada, Não vinha.
Em tempo em que fomos domesticados por produtos da mídia como Barcelona, Seleção Espanhola, e mais recentemente, o Grêmio de 2018, acabamos doutrinados por termos como "posse de bola", "passes certos". Jogadores com esses fundamentos começaram a ser endeusados principalmente na mídia local nos últimos dois anos. Ainda não consegui ver o VT completo do jogo, mas me parece que agora a única dúvida maior em relação à arbitragem é quanto à legitimidade da falta que originou o primeiro gol.

Mas agora procurei saber de algumas estatísticas e com elas vou filosofar um pouco sobre a "superioridade". vejamos: 

Posse de bola, 61 x 39% a favor da Croácia.
Passes totais: 548 a 269
Passes corretos: 456 a 198 (percentagem 83x74 %). Tudo a favor dos croatas.

Ah mas eles atacaram mais.
Deixa ver, realmente, conclusões, 15x8

E aí me deparo com o único item em que a França foi superior. 
Chutes NA META.
Dos 8 arremates franceses, 6 foram a gol, enquanto os croatas só mandaram a bola entre os paus 3 das 15 vezes.

Outro dia li um velho conhecido daqui destacando a "frieza dos números" pra elogiar a melhora do governo Temer. Esqueceu de dizer que sem CONTEXTO o número é uma arma descarregada. A vitória da França na Copa foi importante para o futebol por resgatar algo que estava um pouco esquecido na era Guardiola: objetividade.

O que nos traz ao assunto primordial desse blog: nosso tricolor. Semana passada trocávamos uma idéia o Rafael e eu enquanto assistíamos o GreNal de aspirantes. O Grêmio se apresentou na ocasião com um time de renegados pelo departamento de futebol acrescidos de alguns consagrados como Madson e Brocador. O Inter com um catado que deve ser o time C da base, de tão ruim (reconheci alguns nomes na final do gaúcho sub-20 no sábado). Após um primeiro tempo de "domínio" em que o tricolor mostrava fundamentos e o colorado só corria pra lá em pra cá, viramos com 1x0, num rebote de escanteio em que o arqueiro rival saiu pra todo lugar menos pra onde a bola estava. Segue o segundo tempo e o Grêmio permanece "mandando" no jogo, tocando bola, rodando, colocando os colorados como moscas tontas. No minuto final um jogador vermelho arranca pela esquerda, chuta uma bola à miguelão pra área, nosso zagueiro trisca errado e ela bate sem querer num colorado que estava atrás dele e vai parar no fundo do gol. Aí eu vou pro faceboque e tem posts de toda espécie exaltando mais um "azar". Não merecia, etc, jogamos melhor, dominamos, blah, blah, blah como a maioria dos sites especializados que vão na onda parecem acreditar. Esqueceram de notar alguns detalhes importantes. O Rafael ao final do primeiro tempo, com seu conhecimento da posição sentenciou: "o goleiro do Inter chora de tão ridículo". Pois o time que "dominou" conseguiu a façanha de não obrigar o cara a fazer NENHUMA defesa em todo o segundo tempo. Pior, três minutos antes do empate, tendo um escanteio, resolveu cobrar curto e foi recuando, "trocando passes" até o campo de defesa. Por isso insistimos aqui: pra entender de futebol não basta olhar o jogo é preciso VER o que acontece, não o que os narradores falam, não o que os números falam, não o que os sites falam.

Essa realização é muito importante após um primeiro semestre onde o jogador mais caro da história do clube perdeu a posição pra um campeão de estatística e temos outro mago dos números voltando de lesão. A pergunta que fica: a comissão técnica do Grêmio assistiu a Copa do Mundo?

8 comentários:

  1. Vamos começar, literalmente, pelo começo...

    Tu mesmo Jonas, ontem, informava que a torcida da turba da Gaúcha era para a Croácia, que eu também estava torcendo. Neste exato momento mudei minha torcida, não dá para ir para o mesmo lado da maré ivista.

    x-x-x

    Tua análise e o assunto trazido a baila é muito interessante. Tenho lido alguns defensores da posse de bola incondicional dizendo que a Copa não provou nada e que o Grêmio precisa seguir na mesma batida, nada de centroavante aipim e isso e aquilo. Concordo, não quero um atacante trombador dentro da área, mas é importante salientar a competência francesa em fazer gols de bola parada. O Grêmio precisa evoluir e muito neste quesito, o time é muito fraco na bola aérea ofensiva, tal jogada pode decidir uma Libertadores.

    x-x-x

    Sobre a posse de bola, se não existir objetividade ela não serve para nada. No jogo contra o Paraná eu disse que o Grêmio poderia ter "dado a bola" para os paranistas e jogar no erro do adversário. Mas não, ficou com 80% de posse de bola e não ganhou o jogo. A França ontem fez exatamente isso, deu a bola para os croatas e jogou no erro adversário, isso, na minha maneira de ver futebol, é o que auxilia a furar as retrancas, sobretudo dos adversários de rodapé de tabela. Dê a bola, os obrigue a sair pro jogo e se aproveite do contra-ataque.

    x-x-x

    Espero, sinceramente, que o Grêmio mude algumas posturar no segundo semestre, vale lembrar que Arthur não faz mais parte do plantel, portanto a bola qualificada na meia cancha tende a perder qualidade.

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    1. Se você olhar, o Grêmio campeão da CB, logo que o Renato assumiu, não era tão tocador quanto este. Ganhamos aquela Copa na base das estocadas rápidas, no talento de Pedro Rocha e Éverton. Problema é que de lá pra cá a idolatria da torcida, incensada por um forte jabá dos catedráticos da imprensa, acabou superestimando outros jogadores, adeptos da "cadência", e do "refinamento".
      Falando em catedráticos - o maravilhoso Fernando Diniz continua no Atlético-PR? Não estão cotando o homem pra seleção?

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    2. Fernando Diniz já bailou faz tempo.

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  2. Mas que prazer ler um post como esse!
    Parabéns, Jonas!

    Ao ensejo, ontem tinha lido isso:
    https://gauchazh.clicrbs.com.br/esportes/copa-do-mundo/noticia/2018/07/var-bola-parada-posse-seis-legados-que-a-copa-do-mundo-deixa-para-o-futebol-cjjnhrr9n0swm01qonv12r1fh.html

    Destaque para o item PdB.

    Vi a maioria dos jogos da Copa.
    Não fiz anotação e não tenho tempo para fazer levantamento, mas tive a leve impressão que a turma da PdB levou ferro na maioria das vezes.

    A Alemanha teve mais 70 % de Pdb e sifu ainda na fase de grupos.

    Então, moçada, coisa boa, o velho e bom futebol voltou ao velho e bom quesito fundamental, FAZER GOL!

    Quanto ao Grêmio no segundo semestre, perdemos Arthur, mas não tem "pobrema", afirma o gordinho banana mentiroso [li isso por aí e achei pertinente].
    Contratamos Marinho [haverá reposição à altura, disse o gordinho pinóquio], nosso maior reforço é a volta do aposentado Douglas e tampouco perdemos o filho do Seu Jail [homenagem à brilhante tirada do Monkey kkk].

    Assim, quem tiver fé, se agarre a ela, quem não tiver...


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    1. A Espanha que é a guardiã do futebol new-moderno também se ralou. Saiu pra Rússia que era mais transpiração que qualquer outra coisa. Não sou contra o toque-toque, funcionando e a gente ganhando tá limpo. O problema é que funciona bem menos que os catedráticos fazem querer ver. E quando não funciona é chato pra caralho de assistir.

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  3. Para mim, a Copa, e particularmente os dois jogos mais marcantes - a eliminação do Brasil e a final - trouxeram dois ensinamentos. Ou comprovações, melhor dizendo.
    1) Em qualquer situação, teu time sendo melhor ou pior, é melhor jogar fechadinho e sair em contra-ataques com jogadores rápidos e habilidosos na conclusão. Até aqueles brucutus da Bélgica (zagueiros e volantes) param ataques como o do Brasil, se bem posicionados. Até o Bressan dá conta, em outras palavras.
    2) Atenção na bola aérea é fundamental, uma mancada pode mudar o rumo do jogo.
    Tite jogou em um 4-2-4, e ainda com o Paulinho tendo obrigação de chegar na área. Esta foi inclusive a formação do time quando as linhas se perfilaram, acho que no inicio do 2o tempo. Faceiro demais, pedindo para levar, chamando um desastre.
    Sou fã do Felipão, por mais que admire o Renato! O Big Phil jogou a Copa 2002 com três zagueiros, e meio-campo marcador.

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    1. Carlos, com todo respeito, estás na teoria de que quem perde é ruim e quem ganha é bom?
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      Chamar o meio campo e zagueiros da Bélgica de brucutus deve ser dor de cotovelo,mas olha os jogadores brasileiros? O time brasileiro só tinha três jogadores diferenciados, Neymar, que o personagem engoliu o jogador, Marcelo, que não joga 10% e Douglas Costa, que é reserva e levou nas costas o time quando jogou,mas é o patinho veio da imprensa brasileira.O resto é o resto, se tu botar qualquer um fica a mesma coisa do que tinha la.
      O Brasil parou no tempo, treinadores defasados e jogadores medíocres, quando existem os bons ou eles estão preocupados com o individual ou não são convocados.
      Portanto, a Bélgica é mm elaboração individualmente, coletivamente e tem um treinador que conhece alem do mapituba. Se trocassem de camisa seria novamente 7 a 1.

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    2. Meu prezado Carlos, gosto muito dos teus comentários, mas desta vez discordo.
      Chamar meus amigos belgas de brucutus?
      Fala sério!
      Hazard [que é ACASO em francês, não azar], De Bruyne, jogadores que dá gosto de ver, aliás será que o Bolzan não traz o primeiro para cá? kkk

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