Volta dos "medalhões" pode prejudicar o Grêmio?

Não acredito só em coincidências e acaso - ainda que o atual estágio do Grêmio, com três vitórias, propicie argumentos até certo ponto irrefutáveis.
O Grêmio, após a saída de WL e a chegada de Renato, mantinha a oscilação dos 17 meses anteriores. Ao tentar resgatar o 4-4-2 com o meio em losango, Renato esbarrou em uma realidade simples: com aqueles jogadores, nenhum esquema daria certo.
Veio o Grenal e o medo de levar uma sapecada nos moldes do 1º Grenal no Olímpico fez o Grêmio optar, com um treino, por um 3-5-2 improvisado. Conteve o Inter, teve inclusive chances de ganhar o jogo. Ali, naquele Grenal, ficava clara, ao menos para mim que sou adepto do 3-5-2, a imperiosidade e a vantagem desse esquema em face da fragilidade de nossos então titulares.
Mas como de cabeça de juiz, bunda de nenê, boca de modelo e escalação de técnico a gente sabe o que vai sair - faltando apenas definir a consistência e a coloração, contra o Coritiba, Renato quis voltar com o seu lado pardalesco. Perdeu na Arena e a derrota demonstrou que o caminho para o Grêmio é robustecer o sistema de contenção.
Se é verdade que contra o Bahia o Grêmio conseguiu a proeza de fazer três gols em partida na qual só teve uma oportunidade, lá ficou mais real a percepção de que, além da troca do esquema, a mudança passava pela alteração de jogadores.
As vitórias contra o Cruzeiro e contra o Vasco passam pela entrada da gurizada - porque eles tiram aqueles aspecto deprimente e modorrento que o Grêmio vinha apresentando. É perceptível a entrega dos jogadores. Observe o Kléber: ele corre, ele gesticula, ele mostra, ele conversa em campo.
Alguém aqui escreveu, creio que foi o Guto, que os atacantes andam estranhando o tipo de bola que recebem. Mas tem mais: no jogo de ontem, em uma ou duas jogadas pela esquerda, o Pará estava aberto, livre na direita e pedindo a bola. Quando houver uma dinâmica de jogo, que passa pela repetição do esquema, dos jogadores e a familiarização dos jogadores dentro do campo, certamente os jogadores saberão onde esperar a bola quando a jogada se desenrola em determinado setor.

A defesa

O 3-5-2 ainda não está encaixado nesse setor, que oscila muito. Os gols do Inter, do Cruzeiro e do Vasco mostram que é preciso definir de modo mais claro de quem é a bola "dentro" da área - que definitivamente não pode ser do Pará, nem do Alex Telles e nem do Souza (ainda que esse último tenha altura de zagueiro, mas não tem o hábito do choque do corpo a corpo - e aqui vale lembrar o lance do penalti contra o Santos).
Há algumas questões importantes nesse setor. Gabriel, a despeito de ter-se mostrado afoito e afobado em alguns lances, não comprometeu como zagueiro pela direita. Rodolfo (acho estranho colocar aquele H ali...) ainda oscila demais - talvez pelo tempo no qual ficou sem sequência de jogos no SPFC. Ontem, por sinal, ficou se lamentando por conta de um gol perdido em jogada de ataque onde estavam ele, o goleiro e a bola. Werley é o mais fraco dos três zagueiros, mas até ele cresceu - sendo que às vezes parece lembrar o Enéas (era esse o nome?) da Portuguesa que se desligava do jogo. O lance do segundo gol do Vasco de ontem mostrou isso. Werley está com dois cartões amarelos e quem sabe em breve possamos ter aquele conjunto que considero ideal: Saimon, Rodolfo e Gabriel...
Completando, ou começando, esse sistema tem Dida - que me parece com a faísca atrasada. Falta-lhe o reflexo, o que também é consequência da idade. Além de sua notória limitação na saída de gol, agora agregou outra "falha": as reposições de bola.

O meio

Os três volantes que jogaram ontem contra o Vasco possuem em comum a saída de bola qualificada e o pulmão. Nenhum deles - Souza, Ramiro e Riveros - é o típico 1º volante (que o Grêmio só foi ter no fim com a entrada do Saimon na zaga e o Gabriel indo para ser o cão de guarda da defesa).
Aqui que começam a residir os enigmas do Grêmio para a continuidade: salvo engano, nesse meio de campo não tem lugar para Elano. Alguém aqui insinuou até que ele terá de treinar muito para conseguir ser opção no banco. O mesmo vale para Adriano.
E o Zé, pode ter lugar nesse time?
Creio que sim, talvez para jogar um tempo - sendo que no segundo pode-se, de acordo com as circunstâncias, imaginar o Biteco ou mesmo o Maxi Rodriguez - mais o primeiro do que o segundo.
Poderíamos ter um meio com Ramiro centralizado, Riveros pela direita e Zé pela esquerda - porque Zé é volante...

Alas

Chega a ser comovente a entrega do Pará em campo - mas é inegável que lhe falte a condição técnica para ser jogador do Grêmio. Ontem até teve qualidade em um chute de... esquerda, que beliscou o pé da trave e saiu pela linha de fundo. Nãos ei se ali não seria melhor investir no Moisés ou mesmo no Tinga - que parece um tanque.
Do outro lado, Alex Telles - em fase de constante aperfeiçoamento (inclusive nas cobranças de falta).
Não marquei o tempo do jogo, mas teve uma falta no 2º tempo onde ele executou com maestria a cobrança, fazendo ela "cair" a feição de Rodolfo que errou em bola.
Mas... e quando o Alex tiver que cumprir suspensão?

Ataque

Mais do que a volta dos gols do Barcos, é preciso saudar a volta de jogadas que oportunizem bolas aos atacantes. A sequência de jogos tem feito bem para o Kléber - sendo que será difícil a volta do Vargas. Com seu estilo aguerrido, Kléber ajuda a reter a bola no ataque, tem o poder de atrair a ira dos adversários (e dos árbitros também). É o jogador que mais provoca cartão amarelo aos adversários.Ontem, levou o tal do cartão bobo ao reclamar de uma falta a favor do Grêmio e que já tinha sido marcada (mas sem amarelar o oponente, como ele queria).

Enfim...

Ainda há lugar nesse time para Adriano (tem salário de medalhão), Elano, Zé Roberto e Vargas?